Américo Martins: Brasil mostra insatisfação ao mandar embaixadora em posse de Maduro
Decisão do governo brasileiro de manter presença diplomática mínima na cerimônia em Caracas reflete relações frias entre os líderes Este conteúdo foi originalmente publicado em Américo Martins: Brasil mostra insatisfação ao mandar embaixadora em posse de Maduro no site CNN Brasil.

O governo brasileiro decidiu enviar apenas a embaixadora Glivânia Oliveira para representar o país na posse do presidente venezuelano Nicolás Maduro, marcada para esta sexta-feira (10).
A decisão reflete o atual estado das relações diplomáticas entre Brasil e Venezuela, descritas como frias pelo analista sênior de Internacional da CNN, Américo Martins.
O convite para a cerimônia chegou ao Brasil apenas na terça-feira (7), através de uma comunicação padrão enviada a todas as missões diplomáticas em Caracas.
Não houve um convite direto de Maduro ao presidente Lula, o que já indica um distanciamento entre os líderes.
Cálculo diplomático
Segundo Martins, a decisão de enviar apenas a embaixadora é um “cálculo pragmático” do Itamaraty.
Por um lado, demonstra insatisfação com o governo Maduro, cuja eleição não foi reconhecida pelo Brasil devido a indícios de fraude.
Por outro, evita um rompimento total das relações, que poderia prejudicar a capacidade brasileira de influenciar futuros eventos políticos na Venezuela.
O Brasil também mantém responsabilidades imediatas em Caracas, como a proteção de dissidentes políticos abrigados na embaixada da Argentina, atualmente sob custódia brasileira devido ao rompimento das relações diplomáticas entre Argentina e Venezuela.
Críticas e implicações
A decisão do Itamaraty, no entanto, não está livre de críticas.
Alguns setores, especialmente no Congresso brasileiro, argumentam que até mesmo a presença da embaixadora poderia ser interpretada como um reconhecimento tácito da vitória contestada de Maduro.
No entanto, segundo Américo, o Itamaraty parece estar buscando um equilíbrio delicado: manter canais de comunicação abertos com Caracas, sem endossar completamente o atual regime.
Esta postura reflete a complexidade das relações diplomáticas na região e o papel que o Brasil busca desempenhar como mediador em potenciais processos de transição democrática na Venezuela.
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