Buscando ampliar opisição a Trump, jovens pedem espaço no partido Democrata

Sigla perdeu apoio entre pessoas de 18 e 29 anos durante eleição de 2024; partidários associam queda à falta de conexão entre políticos e população Este conteúdo foi originalmente publicado em Buscando ampliar opisição a Trump, jovens pedem espaço no partido Democrata no site CNN Brasil.

Apr 29, 2025 - 17:55
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Buscando ampliar opisição a Trump, jovens pedem espaço no partido Democrata

O governo de Donald Trump completa 100 dias com o republicano perdendo popularidade e com as primeiras manifestações contra seu governo surgindo ao redor dos Estados Unidos. O partido Democrata é um dos organizadores dos protestos, que tenta se reencontrar depois da derrota nas eleições de 2024.

O retorno de Trump à Casa Branca foi um golpe duro para o partido, especialmente pelos maus resultados em bases até então consolidadas do partido, como jovens e pessoas de baixa renda.

“Os Democratas foram flanqueados, superados e vencidos.”, disse o comentarista sênior de Política da CNN, Van Jones.

A percepção é a mesma dentro do partido, com diferentes alas tentando garantir mais espaço em meio à reconstrução. Entre eles estão os chamados “Jovens Democratas”, que perceberam a dificuldade da campanha de Kamala Harris de engajar pessoas entre 18 e 29 anos e pedem mudanças na abordagem com esse público.

O líder dos Jovens Democratas de Wisconsin, Jake Williams, defende que a derrota nas eleições de 2024 teve um grande culpado: a comunicação.

“Vimos os Republicanos contar quais eram nossos valores e nossas plataformas, e não a gente.”, aponta.

Mirando os mais jovens, os Republicanos foram ativamente em direção a plataforma de streaming, podcasts e ao TikTok. Trump, por sinal, impediu o bloqueio da plataforma chinesa nos Estados Unidos e declarou que “tem carinho pelo TikTok” e que é uma “honra” estar na rede social.

A proximidade surtiu efeito. Eleitores entre 18 a 29 anos, que votaram majoritariamente nos Democratas nas últimas 3 décadas, se aproximaram dos Republicanos. Ainda assim, Kamala Harris conseguiu sair vencedora nesse extrato do eleitorado, mas por apenas 4 pontos percentuais. Joe Biden, na eleição de 2020, teve um resultado 5 vezes melhor, com uma vantagem de 25 pontos percentuais.

“Democratas com certeza têm grandes nomes, mas não temos o mesmo ambiente de mídia que está sendo usado para construir a próxima geração de líderes.”, diz Williams, que mostra preocupação com os rumos do partido.

A mesma impressão é vista do outro lado do país, em Nova York. Stephanie Campanha-Wheaton, filha de imigrantes brasileiros nos Estados Unidos e representante dos Jovens Democratas da América, reforça o discurso e adiciona que “não vê ideias originais no partido”.

Ela atribui parte da falta de novos conteúdos ao pouco espaço destinado aos jovens nos comitês Democratas. “A juventude vê sempre as mesmas pessoas do partido. Precisamos de pessoas que entendam o TikTok e que entendam a nossa situação.”

Fora do grupo Democrata, a perspectiva também é ruim. Pesquisa conduzida pela CNN durante as eleições de 2024 mostrava que 72% dos eleitores com menos de 35 anos diziam que o governo de Joe Biden não os ajudava suficientemente. A crítica vinha na esteira da escalada da inflação e do aumento do custo de vida, especialmente no quesito moradia.

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Williams e Stephanie dizem que grande parte da reconstrução dos Democratas está ligada à retomada da ligação entre os políticos, a classe trabalhadora e os jovens. Ambos identificam que o partido se distanciou da base, inclusive com barreiras para encontros e reuniões entre correligionários. “Como podemos falar que o nosso partido é dos trabalhadores se a nossa reunião é no meio da semana?”, aponta a brasileira.

A representante dos Jovens Democratas da América critica lideranças mais velhas do partido que, segundo ela, perderam a conexão com a base, sem saber transmitir mensagens e “fora da realidade”.

“Eles estão mantendo as pessoas mais jovens, basicamente, como mensageiros, mas não estão nos apoiando de verdade.”, Stephanie reclama.

A solução encontrada pela juventude é comer pelas beiradas.

No início deste ano, os Democratas realizaram eleições para a liderança-executiva da sigla, conhecida como Comitê Nacional Democrata (DNC, na sigla em inglês). O vencedor foi Ken Martin, partidário de longa data e antigo participante dos movimentos de jovens, como os de Stephanie e Jake Williams.

Martin, então, abriu as portas do Comitê para as reclamações do grupo, mas também pediu mais envolvimento – especialmente com ligações e conversas presenciais com pessoas não filiadas.

A tentativa é montar uma oposição mais forte contra Donald Trump, começando de baixo. O partido vê a queda de popularidade do republicano como uma forma de chamar o público para sua agenda. Segundo o líder da juventude Democrata no Wisconsin, o grupo não pode ser apenas opositor, mas também representar uma alternativa viável contra o trumpismo.

Williams pontua que teme criar uma onda de ressentimento contra Trump e os Republicanos. “Precisamos representar algo e dizer claramente que ‘não apenas vote na gente porque não somos Trump, mas porque queremos te trazer pagamentos apropriados, construir casas, criar oportunidade”.

O presidente dos Jovens Democratas da América, Quentin Ocama, aponta que o momento é de construir o discurso. “A gente precisa mostrar pelo que estamos lutando. Agora é a hora de lutar pelos nossos valores e mostrar coragem para isso”.

O trabalho parece estar dando certo, pelo menos momentaneamente. Investindo em redes sociais, movimentos universitários e batendo de “porta em porta”, os Democratas garantiram a vitória da juíza progressista Susan Crawford na eleição para a Suprema Corte do Wisconsin.

“Fizemos um bom trabalho. Fizemos a campanha pelos direitos do povo de Wisconsin”, diz Williams. O movimento visto durante o pleito foi de passar por dentro das comunidades locais, entendendo as demandas e pedidos das populações.

As mudanças no DNC e a vitória no Wisconsin fortaleceram a juventude dentro do partido, mas ela ainda precisa de mais para se consolidar.

“As vozes mais jovens estão se tornando mais fortes”, disseram Stephanie e Williams. “Mas espero ver o quanto podemos ser mais incluídos ainda”, pondera a americana filha de brasileiros.

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