Equador detalha planos para novas prisões enquanto guardas permanecem reféns

Mais de 170 agentes e funcionários de prisões foram feitos reféns; país enfrenta crise na segurança pública Este conteúdo foi originalmente publicado em Equador detalha planos para novas prisões enquanto guardas permanecem reféns no site CNN Brasil.

Jan 11, 2024 - 17:15
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Equador detalha planos para novas prisões enquanto guardas permanecem reféns

O presidente do Equador, Daniel Noboa, detalhou planos para duas novas prisões de segurança máxima nesta quinta-feira (11).

A medida faz parte de sua promessa de lutar contra gangues de traficantes, que seu governo responsabiliza por uma onda de violência e por fazer quase 180 funcionários penitenciários reféns por presidiários.

Houve um aumento dramático na violência no país esta semana, incluindo o ataque a uma rede de televisão, explosões em várias cidades e o sequestro de agentes da polícia. Essas ações parecem ser uma resposta aos planos de Noboa para enfrentar a crise segurança.

Noboa declarou estado de emergência por 60 dias, enviando os militares para as ruas e classificando 22 gangues como grupos terroristas. Na quarta-feira (10), ele disse que esperava ajuda dos Estados Unidos dentro de alguns dias.

O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Vedant Patel, reiterou nesta quinta-feira (11) que os Estados Unidos estão prontos para fornecer assistência, mas se recusou a especificar que tipo de ajuda estão preparados para oferecer.

Noboa prometeu, entre outras coisas, manter os líderes de gangues detidos nas novas prisões.

Saiba mais sobre as novas prisões

As instalações que serão construídas nas províncias de Pastaza e Santa Elena terão espaço para 736 presos e serão divididas entre alta segurança, segurança máxima e segurança supermáxima, informou o gabinete de Noboa em comunicado.

A construção das prisões “é o início de uma recuperação urgente do sistema penitenciário”, destacou o chefe de Estado em vídeo, acrescentando que também são necessárias leis mais duras, juízes honestos e a possibilidade de extraditar criminosos procurados.

O vídeo divulgado pelo governo mostra uma maquete de uma das novas prisões, com seis edifícios octogonais cercados por um muro alto e múltiplas cercas.

As instalações bloquearão sinais de celular e satélite, gerarão sua própria eletricidade, tratarão sua própria água e empregarão guardas cujos rostos serão cobertos para garantir o anonimato, disse o governo.

“A agitação nas prisões e nas ruas é uma demonstração clara do medo que os criminosos sentem face às políticas de segurança que estamos implementando. Não permitiremos que grupos de terroristas detenham este país”, advertiu Noboa.

O Equador faz fronteira com a Colômbia e o Peru, países produtores de cocaína, e se tornou um importante ponto de embarque de drogas. O país tem cerca de 2.600 guardas prisionais a nível nacional para gerir 32 mil prisioneiros, sem incluir centros de detenção de jovens.

Noboa, de 36 anos, assumiu o cargo em novembro e é apoiado pela Assembleia Nacional, que votou por unanimidade na noite de quarta-feira para apoiar seus esforços contra a crise de segurança.

Agentes penitenciários reféns

Poucas informações foram divulgadas pelas autoridades sobre a situação de 158 guardas prisionais e 20 funcionários administrativos feitos reféns desde segunda-feira (8) em ao menos sete prisões.

“A situação é muito preocupante. Ainda não sabemos quais são as condições internas. Ninguém entra, ninguém sai. Não temos informações exatas”, ressaltou Carlos Ordonez, vice-presidente da associação dos trabalhadores penitenciários.

Ordonez disse também que os militares assumiram a gestão dos locais onde há reféns.

Vídeos que mostrariam funcionários penitenciários sendo submetidos a violência extrema, incluindo tiros e enforcamento, circularam nas redes sociais, embora o comandante das Forças Armadas, contra-almirante Jaime Vela, tenha dito na quarta-feira (10) que nenhum refém foi morto.

A Reuters não conseguiu verificar a autenticidade dos vídeos.

“Por enquanto entendemos e esperamos que não sejam nossos colegas nos vídeos. Achamos que todos ainda estão vivos”, afirmou Ordonez, acrescentando que seu grupo entrou com uma petição de habeas corpus para tentar pressionar o governo a fazer mais.

“Pedimos a libertação dos meus colegas e depois melhores condições de trabalho”, disse Ordonez.

A agência penitenciária SNAI destacou em comunicado nesta quinta-feira (11) que houve distúrbios durante a noite em duas prisões e a fuga de três presidiários de outra.

As operações para libertar os reféns estão em andamento, acrescentou o órgão.

Operações

Os países vizinhos do Equador intensificaram os controles nas suas fronteiras nesta semana, enquanto os militares equatorianos realizaram operações e apreensões de armas em todo o país.

Vela disse na quarta-feira que 329 pessoas, a maioria de gangues como Los Choneros, Los Lobos e Los Tiguerones, foram detidas desde que o presidente declarou estado de emergência.

Além disso, a polícia de Quito conduziu uma detonação controlada de um explosivo perto de uma ponte rodoviária nesta quinta-feira, assim como prisões por suposto terrorismo e crimes relacionados a drogas.

A polícia havia relatado anteriormente que nove policiais foram sequestrados no início desta semana, mas não estava claro quantos ainda estavam em cativeiro nesta quinta.

As ruas de Quito e Guayaquil permanecem mais vazias do que o normal, com as aulas presenciais suspensas e muitas pessoas trabalhando em casa.

Invasão a rede de televisão

Imagens de homens armados assumindo o controle de um estúdio de TV da emissora pública TC na tarde de terça-feira (9) foram transmitidas ao vivo por cerca de 20 minutos e ganharam manchetes em todo o mundo.

Alina Manrique, uma jornalista de 39 anos que estava entre os reféns, disse que temia ser morta e imaginava nunca mais ver os seus filhos.

Ser resgatada pela polícia após a rendição dos homens armados foi como “renascer”, relatou.

“A intenção deles é clara para mim, para que todo o mundo veja que foram capazes de fazer isto às duas da tarde, de assaltar um canal de televisão e colocar de joelhos 50 jornalistas, uma cidade, um país”, ponderou Manrique.

José Luis Calderon, colega de Manrique, afirmou à Reuters na quarta-feira (10) que os homens armados disseram várias vezes que faziam parte de La Firma, uma gangue associada a Los Choneros, que é um dos grupos criminosos apontados como organização terrorista por Noboa.

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