“O papa nunca erra?”: Entenda o que é a infalibilidade papal
Apesar de muitas pessoas acreditarem que dogma dá poderes infinitos ao pontífice, não é exatamente isso que conceito significa Este conteúdo foi originalmente publicado em “O papa nunca erra?”: Entenda o que é a infalibilidade papal no site CNN Brasil.

Muita gente acredita que o papa é um líder religioso com tanta autoridade que nunca erra e, por isso, não pode ser questionado. Isso acontece pela confusão causada pelo conceito de “infalibilidade papal”.
Trata-se de um dogma que afirma que o pontífice, como herdeiro do trono do apóstolo Pedro, tem o poder e a capacidade de estabelecer uma “verdade de fé”, que é inquestionável.
Para quem não tem intimidade com os termos católicos, isso pode soar confuso. Um exemplo de uma das últimas vezes que a infalibilidade papal foi usada pode ajudar a esclarecer.
Em 1950, o papa Pio XII decretou o dogma da Assunção de Maria, que estabelece que Maria, mãe de Jesus, subiu aos céus de corpo e alma. Ao invocar a infalibilidade papal, essa afirmação passa a ser uma verdade de fé, ou seja, inquestionável, já que o pontífice é considerado “infalível”.
“A verdade da fé é inquestionável dentro da Igreja Católica, pois acredita-se que foi revelada por Deus ao papa, como sucessor do apóstolo Pedro. Assim, essa crença é verdade e todos precisam aceitar e seguir”, explica Filipe Domingues, especialista em Vaticano e doutor em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Gregoriana, com sede em Roma.
O conceito da infalibilidade papal muitas vezes é alvo de interpretações equivocadas e, com base nele, pessoas acreditam que o papa pode fazer o que quiser ou está isento de tropeços e pecados. Mas, não é bem assim.
“Há uma compreensão de que o papa nunca erra, pois se acredita que o pontífice é iluminado, orientado dentro da fé cristã por Deus. Porém, o próprio papa Francisco sempre fala que somos todos humanos e que o papa não está isento de pecados”, esclarece o vaticanista.
Especialistas católicos explicam que a infalibilidade não significa que o papa seja perfeito ou que não possa errar. Isso porque, ele só é “infalível” ao abordar os dogmas da Igreja.
No Vaticano, em 1993, o papa João Paulo II falou sobre o assunto e disse que “o papa não pode usar a infalibilidade para abusar e da doutrina”.
Com base nisso, o papa é sim uma pessoa que pode falhar e cometer erros em suas opiniões pessoais, na tomada de decisões administrativas ou em questões políticas e econômicas do Vaticano.
O conceito da infalibilidade é tão sério, que nunca, até hoje, nenhum dogma foi revogado. Isso quer dizer que nenhum papa revogou uma decisão de outro pontífice que tenha sido tomada com o uso da infalibilidade.

Quando foi instituída a infalibilidade papal?
O dogma da infalibilidade foi instituído pelo Concílio Vaticano I, convocado pelo papa Pio IX, em 1870. O documento chamado “Pastor Aeternus” estabeleceu o poder do papa sobre toda a Igreja Católica, com base na tradição de que o pontífice é herdeiro do trono do apóstolo Pedro.
Segundo a doutrina católica, o pontífice é infalível quando se pronuncia “ex cathedra” (do latim), que significa “da Cadeira” ou “da Cátedra”, ou trono de Pedro, quando é inspirado pelo Espírito Santo.
O papa só se pronuncia com base na infalibilidade, quando precisa estabelecer um dogma que exija essa autoridade. Por isso, não é comum que aconteça. E quando acontece, fiéis católicos têm a obrigação de seguir o que foi determinado pelo pontífice em todo o mundo, mantendo assim, a unidade da Igreja Católica.
“O papa diz de forma intencional que, com base na autoridade que tem como herdeiro de Pedro, ele estabelece que a situação é uma verdade de fé. Não é qualquer situação que o papa faz isso”, explica o vaticanista Filipe Domingues.
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