Trump vê o mundo como “condomínio” internacional, diz Alberto Pfeifer
Para coordenador do grupo de Estratégia Internacional da USP, republicano sugere que cada potência exerça hegemonia em sua área de influência imediata, desde que EUA mantenham controle sobre Ocidente; WW Especial vai ao ar neste domingo (9), às 22h Este conteúdo foi originalmente publicado em Trump vê o mundo como “condomínio” internacional, diz Alberto Pfeifer no site CNN Brasil.

O coordenador do grupo de Estratégia Internacional da USP, Alberto Pfeifer, afirma que Donald Trump está retornando aos conceitos tradicionais de território e população em sua visão política. Segundo o analista, essa abordagem remete a uma perspectiva “neovestfaliana”, em referência à Paz de Vestfália, que pôs fim à guerra dos 30 anos durante o império Romano-Germânico no século 17 e inaugurou conceitos modernos de soberania e de Estado-nação.
Pfeifer explica que Trump enfatiza a ideia de “América primeiro”, reforçando noções de identidade nacional e destino manifesto. “Ele volta para isso, o nível de sofisticação dele vai aí”, observa o especialista, destacando a simplicidade da visão de Trump sobre as relações internacionais.
Competição global e desafios à hegemonia americana
O analista destaca que o mundo atual é caracterizado por uma competição entre potências, com a China emergindo como principal desafiante à hegemonia dos Estados Unidos, especialmente no campo tecnológico. A Rússia, por sua vez, é descrita como um “disruptor” que busca organizar seu “exterior próximo”.
Pfeifer também aponta mudanças na Europa, que estaria abandonando gradualmente a ideia de uma união supranacional em favor de identidades nacionais mais fortes. “A Europa não encontra o seu pé, mas é também hoje cada vez mais ‘neovestfaliana’ ou nacionalista”, analisa.
A visão de Trump sobre a ordem mundial
De acordo com Pfeifer, Trump não parece disposto a ceder espaço a outras potências no cenário global. O que o republicano aceita, sugere o analista, é uma espécie de “condomínio” internacional, onde cada potência controla sua área de influência imediata.
“A Rússia controla o seu exterior próximo e eu não vou me meter muito lá. A China controla o seu exterior próximo”, exemplifica Pfeifer, mencionando a questão de Taiwan como um possível reflexo dessa abordagem. Nesse cenário, os Estados Unidos manteriam o controle sobre o Ocidente, desde que as outras potências não interfiram em sua área de interesse primordial.
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