O que acontece com o corpo de quem sofre com fibromialgia?

Uma doença silenciosa e de causa ainda desconhecida tem se tornado cada dia mais presente na vida de milhares de pessoas. É a fibromialgia, uma síndrome dolorosa crônica que causa dor generalizada e está associada a fadiga, rigidez matinal, ansiedade, depressão e outros sintomas. O ND+ buscou desvendar um pouco de como é conviver com […]

Dec 2, 2023 - 11:40
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O que acontece com o corpo de quem sofre com fibromialgia?

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Uma doença silenciosa e de causa ainda desconhecida tem se tornado cada dia mais presente na vida de milhares de pessoas. É a fibromialgia, uma síndrome dolorosa crônica que causa dor generalizada e está associada a fadiga, rigidez matinal, ansiedade, depressão e outros sintomas. O ND+ buscou desvendar um pouco de como é conviver com essa doença e de que forma ela age no corpo humano.

Fibromialgia: doença afeta 2% da populaçãoSíndrome dolorosa crônica é acompanhada de outros sintomas e atinge 2% da população – Foto: Pixabay/Ilustrativa/Reprodução/ND

A médica reumatologista e coordenadora do Centro de Infusão do Hospital Unimed, Daniele Patrícia Dal Bosco, explica que ainda que a causa exata seja desconhecida, algumas pesquisas indicam uma relação entre a fibromialgia e problemas no sistema nervoso central.

Dessa maneira, o cérebro da pessoa com a doença interpreta os sinais de dor de forma anormal, tornando a dor mais intensa do que seria em pacientes sem a condição. É também a dor musculoesquelética crônica e difusa o principal sintoma que caracteriza a enfermidade.

Porém, uma série de outros sintomas estão associados à fibromialgia, como fadiga generalizada, rigidez matinal, dor de cabeça, ansiedade, depressão, distúrbios de sono e distúrbios cognitivos, como falta de atenção e esquecimentos, explica a médica. Ela afirma que a síndrome atinge cerca de 2% da população, e afeta principalmente as mulheres, sobretudo entre 30 e 55 anos de idade.

“O diagnóstico continua sendo um desafio para os médicos, já que não há nenhum exame de laboratório ou de imagem que comprovem a síndrome. Este é realizado a partir da história clínica do paciente, do tempo do quadro clínico e das características da dor. Os exames complementares são úteis para descartar outras doenças que mimetizem essa síndrome”, explica Daniele.

Professora relata convivência com fibromialgia

Helia Farías, professora universitária e moradora de Itajaí, no Litoral Norte de SC, é diagnosticada com fibromialgia há oito anos. Ela conta que, inicialmente, achou que se tratava de um quadro de artrite ou artrose, já que acreditava que as dores que sentia eram nas articulações, e a sua mãe sofre com essa doença.

Depois de consultar um médico e realizar os exames foi que chegou o diagnóstico. Ela passou a frequentar um grupo de apoio para pessoas que também tinham a doença, mas conta que a experiência não foi muito positiva, já que os participantes pareciam ter o diagnóstico há mais tempo.

Eles relatavam dores que “corriam” pelo corpo, dores no ouvido, rigidez ao acordar, e dores ao ponto de não conseguir levantar da cama para trabalhar. “Aí eu fiquei pensando, meu Deus, será que vai chegar num momento que eu também não vou levantar?”, conta.

Helia Farías conta que recebeu o diagnóstico há cerca de oito anos – Foto: Arquivo Pessoal/Reprodução/NDHelia Farías conta que recebeu o diagnóstico há cerca de oito anos – Foto: Arquivo Pessoal/Reprodução/ND

A principal recomendação médica que Helia recebeu foi a prática de exercícios físicos de baixo impacto. Ela afirma que estar em movimento auxilia muito em reduzir as dores. “Se eu não fizer os exercícios, parece que tudo fica mais difícil. A minha movimentação fica mais pesada, então eu me movimento o máximo que eu posso”, conta.

E, de fato, segundo a médica Daniele, a atividade física é fator essencial no tratamento da fibromialgia. “Não existe tratamento de fibromialgia que não incorpore a atividade física. É a modalidade terapêutica que mais reúne evidências científicas, demonstrando eficácia significativa na redução da dor, melhora do status funcional, da fadiga e do sono. Os exercícios mais adequados são os aeróbicos, sem carga, sem grandes impactos para o aparelho osteoarticular, como dança, natação e hidroginástica”, destaca.

Além disso, costuma-se usar medicamentos das classes antidepressivos, relaxantes musculares e neuromoduladores, de forma individualizada, para reduzir os principais sintomas. Analgésicos e outras ações para melhorar a rotina e a qualidade do sono, como alongamentos, fortalecimento muscular e terapia cognitiva comportamental também podem fazer parte do tratamento.

Há fatores que predispõe? Como evitar a fibromialgia?

A médica esclarece que fatores genéticos, traumas psicológicos, estresse, traumas físicos e distúrbios psicológicos são alguns dos fatores que contribuem para a síndrome. Depressão e ansiedade são comuns nos pacientes fibromiálgicos, que ainda possuem menos fibras nervosas, ou seja, apresentam menor densidade de fibras nervosas na pele.

Atividade física é essencial para tratamento da síndrome – Foto: Pixabay/Ilustrativa/Reprodução/NDAtividade física é essencial para tratamento da síndrome – Foto: Pixabay/Ilustrativa/Reprodução/ND

Manter um estilo de vida saudável, com atividade física regular, gerenciar o estresse, identificar gatilhos e ter suporte emocional adequado são algumas recomendações médicas que contribuem de forma positiva no manejo da síndrome. Mas os desafios de conviver com uma doença silenciosa são muitos.

“Por ser silenciosa, não detectável em exames laboratoriais e não causar qualquer transformação externa na pessoa, muitas vezes os portadores de fibromialgia ouvem que estão ‘fazendo corpo mole’ e que as dores são ‘coisas das suas cabeças’. Porém, eles sentem dor mesmo. É claro que a depressão é um dos fatores que gera o maior impacto negativo, sendo que seus prejuízos abrangem as esferas psíquicas, a capacidade de realização de atividades diárias e diminuem a produtividade de trabalho”, alega a reumatologista.

Helia diz que sua forma de lidar com a dor é conviver com ela, sair, se divertir, seguir com as atividades, e ajudar o corpo a estar em movimento. Alongamentos, exercícios e banhos quentes estão entre as atividades que a ajudam a lidar com a doença.

“Eu acredito muito no seguinte, dói, mas eu saio com minhas amigas, porque entre sair com minhas amigas para dar uma risada e me distrair e ficar em casa sentindo a dor, eu prefiro sentir a dor, mas me divertir, compreende? Eu tento não parar. Essa é a minha verdade, o meu dia. Eu tento me movimentar, eu tento respirar fundo e ir em frente”, finaliza.

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